14.12.17

Fodas, velhas leituras e fantasias nunca alcançadas

“Embora meu objetivo seja compreender o amor, e embora sofra por causa das pessoas a quem entreguei meu coração, vejo que aqueles que me tocaram a alma não conseguiram despertar meu corpo, e aqueles que tocaram meu corpo não conseguiram atingir minha alma.”
“Eu não sou um corpo que tem uma alma, sou uma alma que tem uma parte visível chamada corpo.”
Onze minutos, Paulo Coelho

Ainda tenho curiosidade em saber como é a sensação de ser tocada de verdade. De estar com alguém que saiba conversar e me seduzir com palavras, antes de partir para o tato. Alguém que me beije devagar; que mordisque meu pescoço sem a intenção de arrancá-lo; que me encaixe num abraço apertado; que sussurre coisas provocativas, mas não nojentas, no meu ouvido; que sinta o desenho da minha cintura; que não aperte os meus peitos como se eles fossem brinquedos de borracha; que saiba que tenho 1,70 m de pele para sentir e percorrer, antes de chegar ao ponto principal; e que entenda que está ao lado de uma mulher com coração, desejos e medos, cujo corpo deve ser respeitado.

Quando penso nessas coisas, me lembro do quanto me identifiquei com as frustrações de Maria, personagem principal de “Onze Minutos”, do Paulo Coelho. Não sei quantos anos eu tinha quando li esse livro, acho que no início do ensino médio ou no cursinho antes de entrar na universidade, mas o fato é que desde aquela época tenho o mesmo desejo de ser explorada com calma e excitada ao máximo. 

Uma coisa que não me envergonho de dizer é que, nesse sentido, experimentei amassos que foram muito melhores do que sexo, pois sem os finalmentes tinha que existir criatividade para manter o desejo. Lembro muito bem de um cara que me convidou para tomar um café e enquanto ele brincava de ir sentando cada vez mais perto, eu tremia toda de tesão. Também me lembro muito bem de um cara novinho que fiquei num show, alguns anos atrás. A pegada da criatura era tão boa, tão firme, tão decidida, que até perguntei se ele era padeiro. (Sim, me senti uma massa sendo deliciosamente sovada).

Por outro lado, em certos encontros que envolviam algo mais, onde havia tempo e lugar para esquecer do mundo, as coisas geralmente eram previsíveis e mecânicas. Há sempre aquele cara apressado, que acha que as mulheres são meros buracos de concreto e cujo pau parece mais uma britadeira; aquele cara que até perde uns minutinhos nas preliminares, mas parece um gato lambendo o leite da tigela ou um esfomeado chupando manga; aquele que só fala besteira e fica endeusando o pau; e aquele cara que só pensa no prazer dele e só faz o que for bom para ele. 

Dificilmente existe aquele cara que sabe que o corpo de uma mulher é muito mais que uma buceta. Um desses é artigo tão raro que nunca esqueci da Maria do Paulo Coelho. Nem de uma cena descrita lá pela página cento e cinquenta, e que desde então, se tornou uma espécie de fantasia para mim.

"Ele se entrega, coloca a venda. Ela faz o mesmo; agora já não há fresta de luz, estão no verdadeiro escuro, um precisa da mão do outro para chegar até a cama. Não, não devemos nos deitar. Vamos nos sentar como sempre fizemos, frente a frente, só que um pouco mais perto, de modo que meus joelhos toquem os seus joelhos. Sempre quis fazer isso. Mas nunca tinha o que precisava: tempo." 
"Estende o braço em sua direção, e pede que ele faça o mesmo. Sussurra poucas palavras, dizendo que aquela noite, naquele lugar de ninguém, gostaria que ele descobrisse sua pele, a fronteira entre ela e o mundo. Pede que a toque, que a sinta com suas mãos, porque os corpos se entendem, embora nem sempre as almas estejam de acordo."

29.11.17

Sobre azulejos fumegantes, futuro e liberdade

Eu me lembrei do calor que fazia naquela cozinha pequena no final da tarde. Era verão, tinha um prédio em frente, o sol batia o dia inteiro na parede do nosso e lá pelas cinco e meia entrava uma luz alaranjada que se misturava ao vapor quente que saía dos azulejos como se fossem fantasmas pegando fogo. Eu ia tomar banho para te esperar, apesar de começar a suar assim que desligava o chuveiro, e às seis e meia, em ponto, você girava a chave na fechadura.

Quando me lembro dessas coisas, percebo que sinto mais falta da liberdade de ter a casa só para mim o dia inteiro do que a alegria de estar casada com alguém. Sabe, eu não sentia prazer em ficar trancada naqueles trinta e poucos metros quadrados, abafados como um forno em 250 graus, mas eu amava ficar sozinha na minha própria companhia, numa cidade desconhecida. Eu arrumava a casa mais ou menos do jeito que me agradava, fazia macarrão com molho de brócolis no almoço, a geladeira estava quase sempre arrumada e por muitas horas ninguém me incomodava.

Havia momentos a dois que eram bons, com certeza, porém, o que mais me lembro daquele tempo era de estar sozinha. E talvez isso explique minha visão quando penso em futuro, porque me vejo dirigindo numa daquelas avenidas compridas de cidade grande, tamborilando os dedos no volante, enquanto canto uma música indiezinha que tanto gosto e que tanto me faz sonhar com coisas boas. E eu danço sozinha na minha sala, escuto Bon Iver sem precisar de fones, leio confortavelmente esparramada no sofá, tenho paredes brancas cheias de quadros, lavo a louça na hora que quiser, vou sozinha aos lugares que me interessam e acho que tenho um cachorro pequeno. 

Não enxergo outras pessoas nesse meio. Não preciso dividir minha atenção. Não há ninguém abrindo a porta depois do trabalho. Sou apenas eu, realizando um desejo antigo, antes de dizer sim para alguém novamente.

19.11.17

Descobertas literárias

– A parte de literatura latino-americana fica onde? – perguntei ao livreiro, na esperança de encontrar um exemplar perdido de Trilogia Suja de Havana.

– Dessa prateleira até aquela ali. – respondeu ele, apontando o lugar, mas sem dar muita atenção.

– Obrigada.

Não achei o livro que queria; estava em falta. Mas, fuçando as prateleiras, descobri que Tolstói deixou de ser russo. Se tornou “apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco”.

10.11.17

Desconexo

E gosto de pessoas bêbadas sem consciência assim como você para me agarrar doidamente sentindo o gosto de álcool em minha língua e me perdendo em teus olhares desconcertados e em teu corpo pesado e ao mesmo tempo tão ágil e quente e sedento e tão insuportavelmente irresistível para mim como a rouquidão da sua voz esfacelando meus ossos e arrepiando minhas costas e salivando minhas bocas que engolem tua virilidade e te paralisam o cérebro e te fazem se perder e não mais aguentar teus impulsos de ser forte e segurar tuas vontades para não desabar de vez sobre e em mim.

17.10.17

Notas atrasadas #3

* Em setembro fiz minha primeira viagem longa depois dos meus problemas com depressão/ansiedade/pânico. Não estava animada para gastar o que não podia, para enfrentar horas de céu e estrada, para ficar tão longe da minha zona de conforto. Mas valeu a pena? Sim, muito! Venci o medo, a ansiedade, fiz centenas de fotos, comprei umas coisas bacanas, respirei cultura e me diverti.

* Antes de viajar desejei que algo bom acontecesse e me surpreendesse. O que aconteceu? Ganhei um amigo sincero, com quem gosto de conversar, pois os assuntos fluem tranquilamente e fico com aquela sensação de que nos conhecemos há muito tempo.

* Eu havia anotado três desejos para este ano. Estamos no meio de outubro e consegui realizar dois deles. Espero que não demore muito para chegar o dia em que poderei compartilhar as três coisas que escrevi.

* Comprei mais três suculentas para a coleção. Ou seja, colecionar suculentas é um caminho sem volta e nos deixa pobres.

* Finalmente entrei numa academia, depois de quatro anos de sedentarismo. Chego morta de cansaço em casa? Sim, todos os dias. Mas tenho dormido muito bem depois disso e meu condicionamento físico melhorou absurdamente.

* Apesar dos avanços, o pão na minha vida ainda é tipo aquele cara para quem a gente arrasta uma asinha de vez em quando, mesmo sabendo que não presta.

* Continuo num ritmo devagar de leituras, mas sempre lendo um pouquinho antes de dormir. Terminei “Depois do funeral”, mais um livro da Agatha Christie, minha musa do policial, e sigo lendo “Sob a redoma”, do Stephen King. Não faço ideia de quando chegarei no final do livro, pois segundo o Lev, estou em 15% ainda.

* Cheguei aos trinta anos. Não teve festa, não teve bolo, não teve presente, pois ganhei tudo antecipado, mas gostei dos abraços recebidos e da tranquilidade do dia. Foi um aniversário feliz


1.10.17

Na contagem para os trinta

Às vezes encontro uns textos bonitinhos falando sobre a chegada dos trinta anos. Alguns trazem uma lista de coisas para fazer, outros dão conselhos para não surtar, há os que mostram as vantagens de se estar na casa dos trinta e os que mostram a diferença entre as expectativas que a gente criava na nossa cabeça durante a infância e a “dureza” da realidade.

Enquanto criança, ao contrário da maioria das meninas que brincavam comigo, nunca me imaginei com marido e filhos. Nem fazendo algo fora do comum. Nunca tive esse tipo de cobrança sonhadora para o futuro. Nas poucas vezes que eu pensava na vida adulta, me via como uma funcionária pública trabalhando no mesmo local que a minha mãe, com o cabelo solto e comprido e usando batom.

Ainda não estou na casa dos trinta, apenas pertinho o bastante para que minha única grande preocupação seja conseguir, realmente, me tornar funcionária pública. Conseguir uma estabilidade financeira para ajudar minha mãe, ter um cantinho para decorar do meu jeito, poder conhecer outros lugares. Seria ótimo se eu tivesse conquistado essas coisas aos vinte e poucos anos, mas aprendi que cada um tem o seu tempo.

Perto dos 30, ainda existe aquela chatice de relógio biológico e prazo de validade, que algumas pessoas gostam de enfatizar, mas não estar casada e não ter filhos não é o fim do mundo. Nada contra quem achou cedo sua metade e vive feliz debaixo do mesmo teto, rodeado de crianças pequenas e alegres cachorros adotados. O que me interessa, no momento, é conquistar minha independência financeira, ter um relacionamento honesto com alguém que não me pressione dia e noite para ter um filho, ter liberdade para não precisar de permissão até para comprar um liquidificador.

Faltando poucos dias para trintar, sei que não conquistei bens materiais ou uma carreira de sucesso. Não estou casada, não comprei um caro zero km, moro com os meus pais de novo, nunca fiz uma viagem internacional, não tenho namorado nem vida social. Ou seja, não sou um exemplo para gerar inveja entre ex-colegas. Mas de uma coisa tenho certeza: perto dos 30 aprendi a me amar, a me valorizar, a tentar viver em paz. O resto acontece na hora certa.


16.9.17

Dos meus detalhes

Às vezes fico me perguntando se as pessoas também prestam atenção em mim. Se percebem quando estou ansiosa, se estou querendo pedir algo ou apenas cansada. Será que alguém percebe quando o meu sorriso é falso e o “tudo bem” esconde uma porção de preocupações?

De vez em quando imagino se alguém abre minha conversa no WhatsApp e fica pensando no que falar. Ou se alguém perde alguns segundos decidindo se me liga ou não, apenas porque gostaria de ouvir minha voz. Ou se nos momentos de tédio relê cada mensagem que enviei. Outras vezes me iludo achando que alguém entra neste blog e se dispõe a ler as bobagens que escrevi.

Num ponto mais extremo, me pergunto se alguém abre minha foto no celular e pensa “como ela é bonita” ou “estou com saudade dela”. Gostaria de saber se alguém também repara nos meus detalhes. Meu jeito de mexer o café, morder o lábio, sentar com as pernas cruzadas. Minhas manias, gírias ou palavras que mais uso. Qual a cor dos meus olhos e onde tenho cócegas? Será que alguém consegue reconhecer algo que escrevi? Será que alguém fica pensando onde estou ou o que estou fazendo? Será que alguém olha para algo e pensa “isso é a cara dela”?

Você sabe a minha cor favorita? O sorvete que sempre peço ou o livro que mais amo? Quais são os meus sonhos? Já percebeu minhas marcas e cicatrizes, os cachos do meu cabelo ou o formato dos meus dentes? Sabe quando estou com raiva e mesmo assim digo que não? Quando estou explodindo de ciúmes e finjo não me importar? Aposto que nem sabe como é minha letra.

Outra coisa, será que alguém se importa com o significado dos meus silêncios e sumiços?

Como disse certa vez a um amigo na universidade, estou sempre “seguindo” as pessoas, mas ninguém me “segue” de volta. Acho que ninguém se esforça para descobrir meus pormenores. Não consigo lembrar de ninguém que tenha observado tantos detalhes em mim, porque sempre sou eu que faço isso. Me entrego e ponho as pessoas num patamar de importância. Noto seus detalhes e me apaixono por cada um deles. Desde uma barba malfeita a uma pinta no ombro esquerdo.

Às vezes fico pensando se alguém realmente me notará algum dia. Se alguém me conhecerá nas entrelinhas. Se as minhas singularidades serão tão interessantes para se observar. E nem precisa aparecer com suculentas, barras de chocolate amargo, canetas coloridas ou livros de fotografia. Apenas apareça e me diga que você existe. Mais ainda, que eu existo para você.


30.8.17

Salsicha, ovos e vinho

Não me peça para dizer nada. Não sei o que há comigo hoje. Apenas vem esse vazio, essa falta de vontade de fazer qualquer coisa. Sei lá. Não foi aquele vinho que a gente comprou de promoção naquele supermercado. Ele tinha um gosto ruim, descia parecendo lixa de parede, mas não foi isso. Sei que não foi isso. Nem foi aquele travesseiro amarelo e fedorento, com manchas de suor alheias. Nem o lençol furado nem o colchão castigado por metidas de quatro e o peso de barrigas cheias de merda. 

Também não tinha nada a ver com o quarto fodido de hotel em que estávamos. Não ligo para o assoalho quebrado, as aranhas gordas penduradas em suas teias olhando para nós, para as janelas emperradas e seus vidros trincados. Também não ligo para o chuveiro sujo, a água barrenta, nem o pó sobre os móveis. Pouco me importa a televisão com palha de aço na antena, os canais sem cores ou o botão do volume todo enfiado para dentro. 

Não sei. Não é nada disso. É aqui dentro. É o meu coração. Veja bem, gosto dos seus centímetros. Perco totalmente a consciência em cima deles. Mas quando caio lerda na cama, suando e morrendo de calor, o que sobra? Só o seu cheiro e a cama amarrotada. Nada em mim. Nada no meu coração. Amor nenhum para dar. Nunca disse que o amo. Porque realmente não o amo e acho difícil que isso aconteça. 

Levo muito tempo para me apaixonar. Acho mais fácil te dar o meu corpo. Distrair seus desejos entre balanços e galopes que dar um passo à frente e colocar meu coração na frente da insegurança. Aquelas palavras lá doeram. Já viu como é um coração partido? Ele se parte mesmo, cara. Você sente. É uma dor absurda. Você tenta segurar, apertar, mas o negócio é lá dentro. 

Olho para você nesse sofá rasgado. Tão bonito, tão homem, tão sem medo das coisas. Alguém sempre me dizia que as pessoas legais aparecem na hora errada. Não acho que você veio na hora errada. Talvez algumas coisas na hora errada. Talvez umas ideias erradas e outras brigando para se tornarem certas. 

Quer saber? Não sei. Cansei de pensar. Amor dá trabalho. Machuca. Se acaba. Melhor essa sua salsicha alemã com ovos. E me passe essa merda de vinho para cá. Pode ser no copo sujo mesmo. Não ligo pra merda de mosca nem cu de barata.


25.8.17

Notas atrasadas #2

* Terminei de assistir a última temporada de Kingdom (uma série incrível, humanamente crua, mas, infelizmente, subvalorizada pelo mainstream) e fiquei numa dúvida cruel: seria melhor dar uns pegas em Jay Kulina, emocionalmente perturbado e carente? Em Alvey Kulina, mentalmente quebrado e alcoólatra? Ou nos dois? Ou em Ryan, psicologicamente abalado e agressivo?


 💓


* Comecei a ler A elegância do ouriço, amei o estilo sarcástico e intelectual das narradoras, estou fazendo várias marcações nas frases que mais gostei, porém, meu ritmo de leitura segue muito lento.

* Estou testando uma pílula nova. Até o momento minha pele está menos caótica, tenho a impressão de que perdi peso e sinto que até estou dormindo melhor.

* Tive muitos problemas de autoestima nos últimos quatro meses (culpa dos hormônios que enlouqueceram e me enlouqueceram junto), porém, nada como um bom amigo para me colocar de volta no caminho certo. Não sou magricela, não sou gorda, não sou bombada, não tenho uma bunda na nuca, mas, apesar dos defeitos, aprendi a gostar do meu corpo e, no geral, me sinto satisfeita com ele.

* Falando em autoestima, fiz umas mudanças na minha dieta e diminuí a quantidade de carboidratos. Só nunca imaginei que eu ficaria tão irritada nos primeiros dias.

* Graças ao Instagram, essa desgraça que às vezes amo, às vezes detesto, reencontrei minha vontade de seguir fotografando as aleatoriedades da vida. Fiquei cerca de dois anos com a minha câmera guardada, não queria sair em fotos, não queria fazer fotos, mas isso está mudando. Estou voltando a ser a “garota de humanas” de sempre.

* Fiz um brigadeirão no dia dos pais, e quer saber? O gosto disso era bem melhor na infância. Depois dos chocolates amargos e belgas noir da vida, meu paladar ficou menos tolerante com doces muito doces.

* Minha planta-jade segue firme e forte, sem folhas queimadas de sol ou apodrecidas de tanta água. Consegui até, veja só que coisa incrível, fazer uma mudinha!

20.8.17

TAG: De repente 30

1) Quando você irá completar 30 anos?
Em outubro deste ano. Por falar nisso, aceito presentes!

2) Você pretende fazer uma festa grande?
Nunca fui de gostar de festas e minha situação financeira atual está um pouco delicada para querer uma festa grande.

3) Se você pudesse voltar no tempo, quantos anos você gostaria de ter agora?
Gostaria de ser um bebê que come e dorme. Brincadeira! Mudei bastante ao longo dos anos e amadureci em muitos aspectos, por isso acho que estou bem com a idade que tenho.

4) Você já notou alguma mudança no seu corpo? Qual?
Ganhei novos sinais no rosto, meu metabolismo ficou mais lento, engordei alguns quilos e não tenho mais uma barriga negativa (se bem que, olhando minhas fotos antigas, ser magra como uma tábua não era nada bonito).

5) Você se sente velha? Por quê?
Não exatamente velha, mas às vezes me sinto fora da idade para cometer erros que seriam mais aceitáveis aos vinte poucos anos ou para vestir roupas que combinam mais com uma adolescente. Aos trinta quero ser uma mulher, não uma menina.

6) Você já desejou alguma vez ter 30 anos?
Nunca.

7) Na sua infância, como você se imaginava aos 30 anos?
Não lembro de me imaginar aos 30. Talvez com uns 26. De qualquer maneira, me imaginava servidora pública, com o cabelo solto e usando batom – ou seja, nada de estar casada e com filhos.

8) E como é a sua vida agora?
Precisei voltar a morar com os meus pais, sou uma pessoa mais grata, aprendi a ter amor-próprio, sobrevivi a um divórcio dolorido, venci uma depressão, estudo para concursos públicos e, como boa teimosa, ainda espero me apaixonar novamente e entrar num relacionamento que funcione.

9) O que você pretende ainda realizar aos 30 anos?
Passar num concurso e assinar o termo de posse.

10) Você já realizou muitos sonhos?
Realizei coisas que eu nem sabia que eram sonhos. Mas quer saber? Entrei na universidade que eu queria, depois de estudar bastante e enfrentar dois vestibulares tradicionais, me formei no curso que amava, deixei de ser magra-quase-anoréxica, fiz a minha tão desejada cirurgia de correção para miopia, morei numa cidade linda que continuo amando.

11) Qual é a loucura que você gostaria de fazer ainda aos 30?
Algumas tatuagens, talvez virar uma musa fit [risos], conhecer um cara que mora em outra cidade.

12) Aos 30 anos, qual é o seu maior medo?
Primeiro: não conseguir estabilidade financeira. Segundo: ter uma vida comum.

13) Deixe um recado para quem vai fazer 30 anos!
Relaxa, não é o fim do mundo. Algumas responsabilidades serão maiores, algumas cobranças vão aparecer, mas nada que seja impossível de lidar. Não se sinta mal nem se incomode com aquelas listas de coisas para fazer antes dos 30. Ninguém é obrigado a seguir o mesmo padrão de vida e conquistar tudo no mesmo tempo.

Do blog da Isa.

16.8.17

29 coisas que aprendi depois dos 29

1) Morar numa cidade diferente, onde você não conhece ninguém, traz um sentimento muito, mas muito gostoso, de liberdade. As pessoas podem julgar sua aparência, sua maneira de se comportar, mas não conhecem a sua história.

2) Pode acontecer de você escolher uma profissão, passar quatro ou cinco anos ralando numa universidade e depois descobrir que não era exatamente aquilo que você queria. 

3) Talvez você sinta vontade de ter um filho porque encontrou alguém bacana. Ou talvez seja só uma vontade passageira, porque seus amigos estão virando pais e você se sente excluído. Mas não há nada de errado se você não tiver filhos. 

4) Um casamento pode dar certo. Ou não. E isso não quer dizer que sua vida acabou, por mais que seja essa a sensação. Tampouco quer dizer que você é um fracassado por não conseguir passar o resto da vida com a mesma pessoa.

5) Aliás, um casamento não é garantia de nada. É apenas o desejo de formalizar um compromisso com outra pessoa. O esforço diário das duas partes é que pode fazer essa união dar certo e durar a vida toda.

6) Comece o mais cedo possível a se preocupar em beber água, usar protetor solar, manter a pele hidratada, cuidar da saúde e ter uma alimentação saudável.

7) Pessoas ruins existem. Pessoas invejosas existem. Pessoas manipuladoras existem. A gente é que não acredita.

8) Há dois tipos de livros: aqueles que a gente lê por prazer e aqueles que a gente lê por necessidade. O que ficar entre esses dois, pode passar adiante. Não vale a pena perder tempo lendo coisas ruins.

9) Um dom pode ser descoberto por acaso. De repente, você descobre que sabe cuidar de plantas, que sabe fazer um bolo incrível, que se dá bem com crianças. Mantenha a mente aberta e continue experimentando coisas novas.

10) Nem sempre a vida será fácil. O importante é lembrar que Deus é maior que qualquer tempestade, que Ele nunca te abandonará e que você pode contar com Ele sempre.

11) Nunca é tarde demais para trocar de emprego, terminar um relacionamento que não está funcionando, voltar a estudar, aprender algo que você sempre teve vontade.

12) É melhor estar sozinha em paz do que estar acompanhada sem paz.

13) Não acredite quando lhe disserem que suculentas são superfáceis de cuidar. Elas crescem, o vasinho começa a ficar pequeno demais para as raízes, cochonilhas aparecem de vez em quando, alguns tipos de suculentas precisam de mais água que outras, algumas não toleram sol, enquanto umas adoram luz a manhã toda. Enfim, saiba onde vai se meter.

14) Eu pareço metida, mas sou legal. Eu tenho cara de séria, mas consigo ser engraçada. Eu sou educada, não gosto de palavrão, mas também sou filha do meu pai – ou seja, não estoure minha paciência porque eu sei ser ignorante.

15) Depressão não é brincadeira nem frescura. Superar tanta coisa sozinha não foi nada fácil e por isso mesmo agradeço todos os dias por estar viva.

16) Desconfie de caras pegadores. Desconfie de caras que te convidem para dividir um Merlot. Desconfie de caras muito românticos. Desconfie de caras bonitos demais. Desconfie de caras metidos a cineastas. Desconfie de caras ciumentos.

17) Eu me arrependo mais das coisas que deixei de fazer do que das coisas que fiz. Há alguns anos eu passei pelo pior período da minha vida: chorei, me decepcionei, sofri, senti tanta dor que às vezes parecia que meu coração ia parar, mas nunca me arrependi das minhas escolhas. O tempo curou as feridas e meu ganho em aprendizado foi enorme.

18) Aceite o seu corpo, mas melhore tudo o que te incomoda. Seu corpo é sua essência, sua personalidade, sua história, mas também sua preguiça e seu desleixo.

19) Já não me preocupo se pareço fácil ou difícil para um cara. Tampouco tenho paciência para joguinhos. Se eu estiver disponível, respondo as mensagens na mesma hora que recebo. Se eu estiver interessada, vou até o outro lado do país só para conhecer. Se eu realmente estiver a fim, largo tudo, menos meu desejo de crescer na vida.

20) A gente se ferra, quebra a cara uma porção de vezes, faz umas besteiras absurdas; porém, um dia a gente aprende a se amar e ser feliz sozinho.

21) O mundo mostra que é mais fácil ficar rico cantando besteira ou virando um famosinho qualquer do que estudando e trabalhando duro. Eu que gosto de ser do contra ainda prefiro a segunda opção.

22) As pessoas nunca acreditam na idade que tenho. Às vezes me dão dez anos a menos. Que Deus me conserve assim. 

23) Cada um tem o seu ritmo. As coisas não acontecem nem cedo demais nem tarde demais, apenas na hora certa.

24) Meu pai sempre vai ser um completo estranho para mim, por mais que a gente tenha genes em comum e more na mesma casa. Minhas lembranças de bons momentos com ele são poucas, tenho centenas de coisas que prefiro esquecer, mas a vida é assim. 

25) O tempo passa muito rápido. Se desfaça das coisas que te fazem infeliz. 

26) A gente também perde muito rápido as pessoas. Então, se puder fazer alguma coisa hoje, não deixe para depois. Aproveite enquanto elas estão por perto.

27) É engraçado pensar que talvez você seja a inspiração de alguém. Que talvez uma atitude que você tomou para sair de uma zona de conforto seja o empurrão que faltava na vida de outra pessoa.

28) De vez em quando, o bolo de cenoura vai dar errado. Não desista.

29) Embora eu tenha me decepcionado bastante, no fundo continuo acreditando no amor. Apenas não encontrei a pessoa certa para abrir meu coração novamente.


6.8.17

Alô, alô marciano

Durante a última semana, precisei respirar fundo diversas vezes. 

Foram muitos dias estressantes, muitos imprevistos, muitos hormônios descontrolados. 

Entretanto, minha grande vitória foi sobreviver ao caos sem um único ataque de ansiedade. 

Apenas os sintomas da TPM mais forte que tive nesses meses de ciclo natural, que me fizeram questionar tudo em mim e chorar de tristeza cada vez que me deparava com o espelho.

Ainda não estou bem. Me sinto triste, desanimada, com a autoestima baixa, extrapolando a quantidade de gordura e açúcar que me permito comer.

Na torcida para que passe logo.

25.7.17

Anotações aleatórias #5

Coisas que eu gosto num homem:

1) Inteligência: Eu já tive a oportunidade de sair com caras muito bonitos, mas que, infelizmente, eram verdadeiras portas quando abriam a boca. Por isso, bem mais importante que beleza, amo homens que sabem me fazer rir com conversas bestas, mas que também sabem manter uma conversa profunda e cabeça. Bônus extra para os homens que gostam de ler, falam bem e escrevem mensagens sem abreviações (não escreva coisas como “niver” e “pq?” perto de mim, morro com isso).

2) Bom senso: Para não se tornar um homem invasivo, controlador e chato. Além disso, tenha bom senso para saber que não tenho obrigação de estar 24 horas disponível nem tenho que ir a todos os eventos de família ou sei lá o quê que aparecer. Nós somos namorados, não somos casados. Credo!

3) Cheiro: Muitos anos atrás um colega de curso me disse que se um homem não pode ser bonito nem gostoso, seja cheiroso. Eu, que amo dar beijos e cheiros no pescoço, só tenho motivos para concordar.

22.7.17

Dose mensal de loucura

Estou no quarto ciclo sem tomar anticoncepcional, depois de quase dez anos usando continuamente. Há um movimento cada vez maior de mulheres abolindo as pílulas, por medo dos efeitos colaterais ou por vontade de investir em outros métodos, mas, no meu caso, foi uma simples questão de esquecimento. Como não me lembrei de comprar uma cartela nova, aproveitei a oportunidade para ver como o meu corpo reagiria.

Eu sempre sofri com cólicas que me deixavam de cama, fluxo bem intenso e uma TPM louca, o que acabou sendo um dos principais motivos para continuar usando anticoncepcional, mesmo nas épocas em que eu estava sexualmente inativa. Assim fui me acostumando, testando marcas diferentes até encontrar a que funcionava melhor para mim, concluindo que os prós eram maiores que os contras. Meu ciclo se tornou programado, minha TPM era mínima, as cólicas sumiram da minha vida, nunca mais tive anemia. 

Infelizmente, há uns dois anos comecei a ter muitas crises de enxaqueca no período menstrual. Às vezes duravam um dia, três ou a semana inteira. Às vezes era apenas uma dor tolerável, noutras era uma crise completa, com aura e vômitos, o que acabou me incomodando bastante e me fazendo refém de remédios que me colocavam para dormir (fato triste: sou alérgica a uma penca de medicamentos, então quando sinto muita dor, uso um relaxante muscular que me faz dormir umas quinze horas seguidas). 

Numa das minhas consultas com a neurologista questionei se o anticoncepcional estava piorando minha enxaqueca, mas ela somente disse que as dosagens das pílulas atuais eram muito baixas e que provavelmente não estavam interferindo. O fato é que depois de pausar a pílula, tanto a frequência quanto a intensidade das minhas enxaquecas diminuíram; as minhas cólicas até agora estão suportáveis, meu fluxo está moderado, minha libido está incrível, porém, meu corpo está fora de controle. 

Sinto que a minha pele está uma bagunça, fico com retenção de líquido, tenho compulsão por doces feat. comida gordurosa, minha menstruação chega em qualquer dia da semana e não sei quando começa ou termina uma TPM. Vivo numa gangorra entre estar tagarela e sentimental, logo em seguida irritada, depois deprimida e com a autoestima péssima.

Sendo bem sincera? Admiro quem consegue viver bem sem pílula, mas não sou nenhuma ativista radical. Cada um reage de uma maneira diferente, sabe os métodos que funcionam melhor para si, sabe o que melhora sua qualidade de vida ou não. Para mim, as pílulas traziam benefícios e por isso não sei se estou pronta para fazer uma pausa definitiva. Ter novamente crises fortes de enxaqueca é algo que me assusta, mas estou esperançosa de que minha ginecologista encontrará uma solução que seja confortável para mim e segura para o meu corpo.

Enquanto isso, habemus paciência.

13.7.17

TAG – 13 perguntas pessoais

Encontrei no blog da Cacá.

1. O que costuma pedir no Starbucks?
Não tem Starbucks na minha cidade.

2. Qual item do teu armário tu não consegue viver sem?
Calça jeans. É a primeira peça que pego quando estou com preguiça de me arrumar, quando não tenho tempo para depilar a perna ou quando estou com TPM e acho todas as minhas roupas horrorosas. Calça hoje, calça amanhã, calça para sempre!

3. Diga uma coisa que as pessoas provavelmente não sabem sobre ti.
É uma coisa bem idiota, mas quando estou lavando o cabelo tenho medo de ficar de costas para o ralo. Isso porque quando eu era pequena, a minha tia encheu um ralo de gel de cabelo e me disse que aquilo era o monstro do filme A Bolha Assassina querendo pegar a gente. Eu acreditei né.

4. Diga uma coisa que você quer fazer antes de morrer.
Ainda quero me casar de novo e tal, mas nem que seja por um mês só, me deixem morar sozinha. Por favor, nunca te pedi nada.

5. Qual comida que você não consegue viver sem?
Pão. Por mais que eu tente diminuir a quantidade é algo que não consigo tirar da minha dieta. Carboidrato é muito amor 💕

6. Qual a frase que rege a sua vida?
“Be Strong”. Gosto tando dela que talvez um dia eu faça uma tatuagem.

7. O que você gosta e não gosta sobre o YouTube?
Eu gosto de ver os programas que perdi, os episódios de Girls in The House, descobrir novas músicas e aprender coisas úteis. Não tenho a mínima paciência para perder tempo vendo esses youtubers falando besteira e menos ainda para vídeos longos. Até mesmo quando é um vídeo com dicas para concursos públicos eu desisto de assistir se dura mais que 15 minutos ou se a pessoa fica enrolando e repetindo a mesma coisa.

8. Qual a música que mais ouve?
Um cover de The Scientist.

9. Como definiria o teu estilo?
Básico.

10. Número favorito:
Cinco.

11. Dois hobbies:
Ler e assistir séries.

12. Duas coisas que te irritam:
Barulho e ficar com sono.

13. Um prazer culposo…
Junk food.

8.7.17

Meu tipo de homem

Meu tipo de homem tem o cabelo bagunçado, uma barba gostosa e me abraça apertado quando digo que estou com frio. Meu tipo de homem se arruma para me ver, mesmo que seja numa tarde preguiçosa de domingo, e usa perfume para que eu sempre lembre do seu cheiro.

Meu tipo de homem tem paciência para suportar cada um dos meus medos. Meu tipo de homem me coloca no colo e diz que tudo vai dar certo. Meu tipo de homem segura minha mão, sempre que caminha ao meu lado, e me dá beijos carinhosos.

Meu tipo de homem não me manda flores nem caixas de chocolate, mas me surpreende com atitudes que demonstram o seu amor. Meu tipo de homem não é apressado, não invade as minhas roupas sem consentimento e não me força a fazer o que não quero. 

Meu tipo de homem ri das minhas manias idiotas, mas consegue sentir saudade de todas elas. Meu tipo de homem pergunta como foi o meu dia e me faz sorrir até nos mais desbotados.

Meu tipo de homem gosta de ler e é o único para quem empresto os meus livros. Meu tipo de homem é educado, me respeita como pessoa, não me pressiona para ter um filho. Meu tipo de homem gosta de beber café, entende de tudo um pouco, e, inclusive, sabe o que é a rebimboca da parafuseta.

Pode ser que o meu tipo de homem saiba dançar. Ou não. Mas, com certeza, se esforçaria para me acompanhar e dizer sob um céu estrelado o quanto me ama. Meu tipo de homem se importa com as coisas que faço, me incentiva a crescer e diz que sou linda, mesmo quando estou sem maquiagem.

Meu tipo de homem talvez não exista, mas me rendeu um texto bonito.

10.6.17

Meu bloco de montar perdeu o encaixe

Eu demorei muito tempo para me sentir bem sozinha. Ficava incomodada quando as pessoas diziam que eu era antissocial (uma definição equivocada, pois o certo seria dizer que sou introvertida, mas tudo bem) ou que minha vida era muito sem graça. Parece que se você não vive rodeado de amigos, se não sai todos os finais de semana, se não posta fotos na balada ou se não tem um namorado, deve haver algo muito errado com você. 

Não vou dizer que não sinto falta de ter contato com as pessoas, sim, eu sinto. Tem dias que eu queria sair, tomar um café, conversar além do trivial, descobrir uma coisa nova. Acontece que, há muito tempo, eu tenho a sensação de que não me encaixo mais entre as pessoas que eu conhecia. 

Logo depois que me formei, por exemplo, eu estava desempregada e começando a ficar desanimada com isso, então aceitei ir num bar com uns colegas que eram da minha turma. Eu queria jogar conversa fora, dar umas risadas e esquecer meus problemas um pouco, sabe? Só que, praticamente todo o tempo que fiquei lá sentada, me senti um peixe fora d'água. Eles faziam piadas entre sim, comentavam sobre o trabalho, sobre as pessoas do trabalho, tinham uma porção de assuntos novos e diferentes. Resumindo: a companhia deles não fazia mais sentido para mim. 

Quando me casei, os assuntos de gente solteira não me interessavam mais, quase tudo terminava soando infantil e bobo demais para mim. Quem se importa se João está enrolando Maria ou se Pedro deu um fora em Josefa, se eu tenho contas para pagar e problemas domésticos para administrar? A solução era apenas ouvir, balançar a cabeça, dar um sorriso e pronto. 

Nem mesmo com o então marido eu tinha abertura para discutir coisas que eu gostava, como o último livro de fulano ou o filme de sicrano que passou no festival tal, porque infelizmente eu aceitei rápido demais me casar e só depois descobri que a gente não era compatível. (Algo que pretendo nunca mais repetir; se for para me casar de novo, que seja com alguém que tenha interesses em comum e desejos bem parecidos com os meus).

Quando fiquei solteira novamente, a sensação de desencaixe foi pior ainda. Primeiro porque passei vários meses trancada em casa, num estado lamentável de depressão e morrendo de medo e vergonha do julgamento alheio. Segundo porque todo o desgaste que sofri mudou tantas coisas em mim, que me tornei bem seletiva em relação às pessoas que eu queria por perto. Terceiro porque a maioria das pessoas que eu conhecia estavam namorando sério, se casando ou casadas, curtindo o primeiro filho ou morando fora. E quarto, porque eu decidi estudar para concursos públicos, o que ocupa boa parte da minha vida e das minhas conversas.

Hoje o grosso da minha vida social se resume a conversar com outros concurseiros. Não estou reclamando, afinal, existe muito incentivo nos dias de maré baixa e certas coisas somente outro concurseiro teria paciência para ouvir. Mas é que de vez em quando, como eu disse, faz falta uma conversa diferente. Faz falta uma saída distraída, uma relaxada na rotina, uma renovação de ares. Faz falta algo que não envolva edital, revisões, doutrina, jurisprudência, banca examinadora ou lei de sei lá o quê. 

Apenas faz falta uma turma nova para me encaixar.


13.5.17

20 fatos sobre mim

1) Eu tenho medo de dormir sozinha no escuro.

2) Sou formada em jornalismo, mas já não exerço a profissão.

3) Sou a filha mais velha.

4) Morro de medo de cachorro.

5) Eu já fui tão magra, mas tão magra, que a mãe de um namorado pensava que eu tinha anorexia.

6) Sou bastante tímida.

7) Diz minha mãe que as pessoas se enganam com o meu jeito meigo, quando na verdade, eu tenho um gênio forte.

8) Tenho crises de enxaqueca – o que me obriga a ter hábitos bem regrados.

9) Passei quase 20 anos usando óculos por causa da miopia.

10) Quando eu era criança, um dos meus passatempos favoritos nas férias era escrever roteiros.

11) Sempre estou lendo algum livro e geralmente carrego um na bolsa quando saio.

12) Assim que entrei na universidade, tentei tirar minha carteira de motorista. Porém, fui tratada com tanta ignorância por uma funcionária do Detran que desisti de fazer novamente a prova.

13) Tenho mania de limpeza.

14) Eu posso ser bem sociável e comunicativa, mas prefiro os momentos em que estou sozinha, curtindo minha própria companhia.

15) Tenho medo de andar de barco, entrar em piscinas e quando entro no mar só fico na parte rasa.

16) Eu gosto de comidas apimentadas.

17) Sou bem mal-humorada quando acordo.

18) Drama é o meu gênero favorito de filme.

19) Quando eu era adolescente, tive uma fase heavy metal e só usava roupas pretas.

20) Sou brasileira, mas às vezes desisto.

9.4.17

Oi, tudo bem?

Janeiro passou devagar, assim como fevereiro antes de o carnaval começar. Então veio março e os dias voaram, sem que eu percebesse. Lembro que no começo de março eu marquei uma consulta, cuja médica só tinha vaga para maio, e achei um absurdo ter que esperar tanto. Agora estamos quase na metade de abril e continuo com a sensação de que estou virando rápido demais as páginas do meu planner. 

Quando me dei conta de que não havia escrito nenhum texto, já estávamos em abril. Sei que periodicidade nunca foi um ponto alto neste blog, mas fiquei um pouco chateada com a minha ausência. Gostaria de dizer que estive fazendo coisas incríveis, conhecendo outros lugares, mas não. Apenas estive tendo dias corridos, dias de apreensão, dias de muita dor após as sessões de osteopatia, dias de muitas leituras, dias em salas de espera, dias de bolo e parabéns, dias divertidos na companhia do meu sobrinho. 

Mas quer saber a coisa mais importante que eu percebi durante essa minha ausência? Quando olho para onde eu estava um ano atrás, sinto que hoje estou muito mais feliz e em paz.

25.2.17

Me desculpe, majestade

Eu gosto do feriado, mas não gosto do carnaval.

Como se não fosse suficiente o país inteiro parar nessa época do ano, as bandinhas de frevo, os desfiles das escolas de samba, as marchinhas, a agitação das pessoas, as notícias no jornal, que não falam de outra de coisa, eu ainda moro perto da concentração de um bloco.

O maior da minha cidade, para ser mais exata. 

Durante os dias de festa, o bairro se transforma numa loucura de gente fantasiada, gente bebendo, gente suja de espuma e com o cabelo descolorido, som de carro estrondando, congestionamento, ruas interditadas, latinhas jogadas no chão, gente fazendo xixi nos muros, nos pneus dos carros, nos portões, ambulantes vendendo água e cerveja pela hora da morte, carrinhos de espetinho soltando fumaça. 

Sem esquecer a inconveniência de que é muito trabalhoso sair de casa de carro. Tem que ser antes ou depois do bloco passar. Além disso, pelas ruas onde o cortejo passa, qualquer carro estacionado recebe multa e é guinchado pela prefeitura.

Juro que apesar de não curtir a folia, esse ano fiquei meio tentada em sair no bloco depois que li umas matérias sobre gente que foi vender sacolé e faturou uma nota. Mas, sendo bem realista, por mais que eu tenha conversado com o meu irmão e a minha cunhada sobre essa possibilidade, isso está mais para ser só uma ideia louca que passou voando na minha cabeça. Não me programei para nada, minha tia está de mudança e lá no fundinho do meu coração, continuo sendo uma pessoa que prefere estar no sossego de casa.

Esperando o bloco passar, o reinado do Rei Momo acabar e a vida voltar ao normal.


22.2.17

O que eu aprendi com Marie Kondo

Faz alguns anos que me interesso por organização e estilos de vida minimalista, mas só depois de passar por duas mudanças em pouco tempo é que comecei a me questionar se eu precisava mesmo de tantas coisas. Aos poucos fui me desfazendo de uma coisinha aqui, outra acolá. Num dia eu limpava uma gaveta, noutro uma caixa esquecida no guarda-roupa.

Em cada grande faxina eu tentava me desapegar de roupas, livros estragados e lembrancinhas de viagens. Até que no final do ano passado eu tive a oportunidade de ler o livro da Marie Kondo e experimentei fazer um destralhe completo. 

A fase de triagem dos livros

Não vou dizer que concordo com tudo o que ela diz (isso de ficar conversando com os objetos e pensando nos sentimentos deles é maluquice!), mas resolvi testar alguns métodos. Um deles foi colocar todas as coisas da mesma categoria no mesmo lugar. Parece uma bobagem por ser algo tão óbvio, mas quando comecei a organizar por tipo/função, percebi que eu tinha muitas coisas espalhadas. O outro foi guardar as coisas que me “traziam alegria” e descartar o resto. 

Como esse conceito de alegria é um pouco perigoso, pois num dia eu posso acordar feliz da vida e no outro com cara de quem comeu limão, pensei em razões mais práticas, como a serventia, para fazer o destralhe. Assim me livrei de manuais de instruções, besteiras de papelaria, livros que usei no trabalho de conclusão de curso, revistas velhas, apostilas antigas de concursos públicos, bijuterias, roupas que nunca usei, roupas que eu não gostava de usar, bolsas que estavam paradas, maquiagens vencidas, livros que nunca li, livros que li e não gostei, livros que gostei, mas que não significavam tanto, sapatos que não faziam mais meu estilo…  



Não sei se é impressão minha, mas parece que o ambiente ficou mais leve, mais fácil de limpar, sabe? Não sinto mais o desânimo de ver tantos livros acumulados para ler um dia. Minhas gavetas só guardam o essencial, em vez de uma porção de papéis e canetas sem uso. Meu guarda-roupa ficou mais bonito com menos cabides pendurados. Além disso, sinto que estou pensando mais quando vou comprar alguma coisa – se preciso mesmo daquilo ou se é uma compra impulsiva.

Independentemente das loucuras que Marie Kondo sugere, da qualidade do livro ou da descrença das pessoas com a real necessidade de se fazer um desapego tão grande, para mim a experiência foi bastante positiva. Tanto que o próximo passo é fazer um destralhe no meu computador.

16.2.17

Semana 3: Coisas pra se fazer no calor

Lavar o banheiro
Ou qualquer outra parte da casa. Ou lavar roupa. Ou lavar o carro. Ou dar banho de chuveiro num bebê. Qualquer atividade doméstica, por mais chata que seja, quando envolve água e molhação ameniza um pouco o calor.

♥ Tomar sorvete
Até a amigdalite e a faringite atacarem… e eu continuar com calor, mas sem poder tomar sorvete.

♥ Banho frio
É verdade que eu tomo banho frio o ano inteiro, incluindo o período de inverno, só que no calor o banho fica mais agradável. Ainda mais nesse verão absurdo!

♥ Fazer nada
Simplesmente deitar numa rede, se jogar no sofá, deitar no chão frio... Fazer nada porque qualquer esforcinho já faz suar. 

9.2.17

Semana 2: Eu nunca...

Aprendi a andar de bicicleta
Às vezes tenho a impressão de que fui criada para ser modelo, porque tenho pouquíssimas cicatrizes da infância. Acho que, justamente por eu ter sido uma menina magricela, com cara de frágil e voz de algodão-doce, ninguém quis se arriscar e me ver toda arrebentada.

♥ Conheci outro país
Até hoje eu não tive oportunidade nem dinheiro suficiente para conhecer os lugares da minha lista de desejos, mas quem sabe um dia, né?

♥ Fiz uma tatuagem
Se dependesse do meu irmão, eu já estaria com o desenho pronto e hora marcada no tatuador. Ou melhor, já estaria com a tatuagem feita. Mas, né, como tatuagens são decisões permanentes, e bem fáceis de causar arrependimento depois, ainda não me decidi totalmente sobre o local, o desenho e muito menos com qual profissional vou fazer.

♥ Saí num bloco de Carnaval
E pretendo nunca sair. Sei que é moda sair em bloquinho, dá muita gente bonita e tal, mas qualquer pessoa que me conheça minimamente bem sabe que eu detesto Carnaval. Tanto que uma vez meu tio me ofereceu uma câmera fotográfica se eu saísse num bloco... O que, é claro, não aconteceu.

2.2.17

Semana 1: Coisas que me fazem ficar feliz

Dormir bem e acordar disposta. Acho que hoje em dia quase todo mundo tem problemas para dormir. Eu, pelo menos, tenho a impressão de que acordo me sentindo mais cansada do que quando fui dormir.

♥ Quando o livro é tão bom que não dá vontade de parar de ler. Eu sempre estou lendo alguma coisa, mas quando a história do livro é empolgante ou a maneira como ele foi escrito torna a leitura agradável, fica melhor ainda.

♥ Deitar na cama e sentir o cheirinho dos lençóis limpos. Principalmente depois de um dia cansativo. A sensação é relaxante demais.

♥ Jogar The Sims e inventar loucuras com as minhas famílias. E construir e decorar as casas! Me julguem se quiserem, digam que isso não é coisa de gente adulta, mas há anos eu jogo e amo!

 O frescor da casa depois da faxina. É uma paz de espírito tão grande depois da faxina que parece que limpei a alma junto com a casa.

♥ Quando o dia de estudos rende. Tão bom quando estou tão concentrada estudando que nem percebo que o tempo passou no cronômetro.

♥ Uma xícara de café fresco de manhã. Um dos meus grandes desejos é me casar com uma pessoa que também ame café. Assim posso dividir esse prazer de tomar um cafezinho recém-passado.

♥ A risada do meu sobrinho. Eu amo tudo naquela coisinha gordinha, mas depois que ele superou a fase de estranhar as pessoas, incluindo a tia aqui, cada risada que arranco daquela boquinha com dois dentinhos se tornou ainda mais gostosa <3

♥ Sorvete de morango. Não que eu tenha um paladar infantil, mas um sorvete de morango sempre é o meu favorito. Ainda mais se tiver aquele toque azedinho!

♥ Tomar banho com um sabonete novo. Principalmente quando o sabonete é bem cheiroso e cremoso! O banho fica muito mais gostoso.


Desafio encontrado em Nina Altomar.

10.1.17

O dia em que eu me apaixonei na livraria

Na maioria das vezes que eu vou à livraria, especialmente na seção de obras para concursos públicos, o ambiente está vazio. Apenas uma mãe ou um pai na seção infantil, uns senhores lendo jornal, algum grupinho de amigas cinquentonas na cafeteria, uma pessoa ou outra dando voltas ou se divertindo com os brinquedinhos da Apple em exposição.

Até que aconteceu. Havia um rapaz todo bonitinho procurando livros de Direito. Meio sem jeito, eu perguntei se ele era um estudante ou um concurseiro. Diante da afirmativa de que ele é mais um conhecido nessa jornada das vagas públicas, tentei conversar mais um pouco. 

O cara era uma graça: olhos verdes, óculos pretos, barba farta do jeito que eu gosto e um corpo musculoso todo proporcional (nada de braços grandes e pernas finas). O problema é que, ao mesmo tempo que eu prestava atenção na beleza dele e tentava estender a conversa, vários pensamentos começaram a me atormentar.

Primeiro, eu perdi a prática nessas coisas de flertar. Meu primeiro relacionamento pós-divórcio foi com uma pessoa que eu já conhecia, então não havia espaço para esse tipo de insegurança. Além disso, não sei o tamanho do preconceito das pessoas. Vai que o cara acha esquisito eu ser uma divorciada? Segundo, eu tenho meus problemas de ansiedade. Se é desgastante para mim conviver com isso, tomar remédios e fazer acompanhamento a cada dois ou três meses, imagina me abrir e explicar essas coisas para um recém-conhecido? E terceiro, eu estou numa fase que, querendo ou não, preciso seguir sozinha. Hoje eu tenho uma rotina própria, não quero abrir mão de certas coisas e não posso perder tempo com situações que me distraiam.

Ou seja, desejei para ele boa sorte nos estudos e fui embora. Me sentindo triste pela oportunidade perdida, pois eu poderia ter dado meu número – mesmo que fosse apenas por amizade –, e por eu ainda estar presa em tantas desculpas disfarçadas de pensamentos racionais. Porque não há problema algum no fato de eu ser divorciada, meus surtos de pânico estão mais controlados e somente um concurseiro entende a rotina fechada de outro concurseiro.

Mas tudo bem! Arrependimentos e tristezas à parte, torço para que um dia eu encontre o bonitinho novamente, entre vade mecuns e manuais de direito civil. 💗