3.12.15

Reflexões de supermercado

Semana passada estava entrando no supermercado, quando me deparei com um cartaz: Faltam 28 dias para o Natal. Por mais que eu assista televisão, que eu escute as pessoas falando, que eu veja as lojas e os shoppings enfeitados com árvores e Papai Noel e que eu acompanhe minha mãe na compra de presentes, eu ainda não tinha percebido como falta pouquinho para o ano terminar. Mais do que isso: não tinha percebido que é mais um ano se encerrando na minha caminhada de estudos.

Eu seria muito estúpida se achasse que passar num concurso seria algo rápido, mas olhar para aquele cartaz me fez pensar que ainda não foi dessa vez. Que ainda terei outro ano de estudos pela frente. Que ainda não chegou o meu instante na fila. Que ainda não chegou o concurso certo e o alívio de uma nomeação.

Acho que olhei para aquele cartaz por apenas dois segundos, fiquei refletindo por mais uns três, pois logo me distraí olhando outra coisa, mas voltando a pensar nisso hoje, fico um pouco menos desanimada. Claro que eu queria estar empregada num órgão público bacana e ganhando o suficiente para viver bem, mas também não posso esquecer meus avanços. Este ano foi melhor que o passado e o próximo pode ser bem melhor. 

Antes eu não tinha uma rotina definida, não tinha material, não tinha um planejamento, não tinha metade do conhecimento que tenho agora. Para chegar onde eu quero é apenas uma questão de tempo, de não desistir, de ter fé em Deus que no momento certo as coisas acontecem. Até lá, basta enxergar cada dia como uma oportunidade de aprendizado e um passo à frente na fila.

1.12.15

Leituras de novembro

Portal do destino, Agatha Christie
Espero que esse seja o último livro da Rainha do Crime que leio este ano (embora eu ainda tenha Passageiro para Frankfurt sobrando na estante). Sério, gente. Me perdoe quem gosta do casal Tommy e Tuppence, mas não tenho a menor simpatia por eles. Acho os dois chatos demais, as histórias sem graça, os personagens envolvidos piores ainda, muita enrolação e diálogos terríveis. Eu poderia até dar um desconto porque Portal do destino foi o último livro escrito por Agatha, e talvez ela já estivesse cansada demais após escrever tantas obras, mas o problema é o próprio casal. Não temos química. Temos apenas uma leitura superficial.

22.11.15

Sete hábitos de leitura

Um meme sobre livros, para alguém que gosta de livros. Encontrei aqui.

1) Quando você lê? (Manhã, tarde, noite, o dia inteiro ou quando tem tempo?)
Eu prefiro antes de dormir, mesmo que o rendimento não seja bom. Muitas vezes estou cansada por ter passado horas estudando – aí quando deito na cama só quero fechar os olhos e apagar –, mas faço um esforço para ler pelo menos duas páginas e manter o hábito.

2) Você lê apenas um livro de cada vez?
Geralmente tem um que leio com frequência, um que levo na bolsa e um que deixo de reserva para quando a leitura principal fica chata.

3) Qual seu lugar favorito para ler?
Como eu leio antes de dormir, acaba sendo na minha cama. Mas prefiro ler num sofá confortável.

4) O que você faz primeiro: lê o livro ou assiste ao filme?
Depende. Às vezes tenho acesso primeiro ao filme, então leio depois. Ou vice-versa.

5) Qual formato de livro você prefere? (Audiolivro, e-book ou livro físico?)
Além de gostar de ler, eu gosto de comprar livros, daí minha preferência pelo formato físico. Audiolivro não funciona comigo, sou uma pessoa mais visual, tenho que ver o texto escrito. Já os e-books, no dia que eu puder comprar um leitor, posso dar uma opinião sincera.

6) As capas de uma série tem que combinar ou não importa?
Acho que fica mais bonito, apesar de eu nem ter o costume de ler séries.

7) Você tem algum hábito exclusivo ao ler?
Gosto de estar com as mãos limpas antes de ler e não suporto folhas dobradas, amassadas ou rasuradas. Isso é para livros de estudo, até porque, grifar, riscar e fazer anotações facilita o aprendizado. Mas os meus livros do coração? Não mesmo! Também tenho a mania de ler as primeiras cinquenta páginas de um livro para avaliar se é bom ou não. Se for muito insuportável, eu abandono sem pena. Se for apenas meio chato ou meio ruim, me forço a continuar.

14.11.15

Velhice precoce

Entrar em livrarias é algo que tenho evitado, assim como lojas de cosméticos, para não sofrer tanto com a minha falta de dinheiro. É verdade que continuo recebendo todo santo dia e-mails com promoções, mas o grau de tentação é bem menor quando não posso testar nenhum produto nem sentir aquele cheirinho maravilhoso de livro novo. E, por falar em livros, percebi que sou uma velha desatualizada ou o mercado tem investido em qualquer tipo de sucesso.

Eu estava acostumada com a enxurrada de livros eróticos, com as séries e com os livros de colorir. Mas, quando achei que o mercado estava sem graça o bastante, descobri que minha ignorância era maior ainda. Eu não sabia quem era Isabela Freitas, Rafael Moreira, Christian Figueiredo e Kéfera Buchmann, apesar de todos venderem muito bem e receberem ótimas avaliações dos consumidores.

Engraçado que só percebi isso porque vi tantas vezes a capa de “Muito mais que 5inco minutos” sem entender o que era (na verdade achei que era um livro de maquiagem para mulheres sem tempo), que decidi pesquisar. Então descobri que Kéfera é uma celebridade do Youtube, assim como os outros, e que lançar livros de youtubers é uma tendência editorial.

Talvez seja apenas uma cisma minha, mas acho que hoje em dia tudo se tornou fácil demais. Sempre vi o processo de escrever e publicar um livro como algo que demanda tempo e um bocado de investimento. Afinal, ter uma ideia, escrever, conseguir uma editora, publicar e lançar nas livrarias, não se faz da noite para o dia. 

Veja bem, não estou dizendo que blogueiros, youtubers, twitteiros e afins sejam péssimos escritores ou que o público seja ruim. Existem livros muito bons que nasceram de escritos para a internet (vide Juliana Cunha e Fabrício Carpinejar). A questão é a velocidade com que as coisas são feitas. Parece que publicar um livro é como vender uma mercadoria qualquer. 

Sei lá. Tenho uma visão romântica com escritores. Os imagino como pessoas que vivem cercadas de livros, com uma vida exótica e uma áurea intelectual ao redor deles. Pessoas que andam com um caderninho para anotar inspirações, que se isolam na frente do computador e passam horas escrevendo, que são viciadas em café e que estão sempre refletindo e vendo o mundo com olhos de artista.

Acho que o problema está mesmo em mim. Mas tiro uma lição disso: transito numa geração esquisita, nossa sociedade consome qualquer coisa comprável e eu estou mais perto dos oitenta do que nunca.

30.10.15

Leituras de outubro

Um pressentimento funesto, Agatha Christie
Como disse outras vezes, Agatha é uma escritora que me empolga. Se eu pudesse teria todos os seus livros, mas, quando Hercule Poirot não aparece, fico com a sensação de que o "caso da vez" não será tão bom. E foi exatamente o que aconteceu: em Um pressentimento funesto conheci pela primeira vez o casal Tommy e Tuppence, e pensei que estava lendo uma obra feita por outra pessoa. A investigação, o suspense, as teorias estavam lá, mas de uma maneira bem mediana. Senti uma confusão de personagens e informações mal aproveitadas. A leitura foi sofrida, a conclusão do caso sem graça e só continuei porque, enfim, é Agatha Christie e quero ler o máximo de livros que puder. Mesmo que a qualidade não atinja as expectativas.

12.10.15

Crianças, livros e uma dose de ética

No último episódio de Better Call Saul, Jimmy para na saída do estacionamento e pergunta a Mike por que devolveu o dinheiro roubado da família Kettleman para a promotoria. Dentro da história, Jimmy McGill fez isso porque se importava com a opinião do irmão mais velho. Ele queria ser um bom advogado e orgulhar Chuck fazendo a coisa certa. (Nosso futuro Saul Goodman só não tinha descoberto ainda que o querido irmãozinho tinha lhe traído e que não dava a mínima para os seus esforços).

Daí que dia desses voltei a pensar nessa cena. Quando eu estava na quarta série teve uma feira de livros na escola. Os alunos escolhiam, levavam para casa e os pais mandavam o dinheiro no outro dia. Nem lembro quem organizou essa feira, até porque pegou a gente de surpresa, mas lembro que consegui escolher dois livros no meio da bagunça: O Apicultor e No coração do coração do país e Outras Histórias.

O primeiro parecia ser chato, mas era o que tinha sobrado. O outro eu folheei, li uns trechos e gostei. Voltei para a sala, guardei minhas aquisições na mochila, todo mundo voltou a prestar atenção na aula e lá estava eu satisfeita porque ia ganhar dois livros. Até que entrou uma coordenadora e mandou a gente devolver tudo porque alguns livros tinham conteúdo impróprio. Por alguns segundos pensei em entregar o livro ruim e esconder o bom. Entrego ou não entrego? E agora? Eles nem iam saber mesmo. 

Mas aí, claro, o meu lado ético sempre foi aflorado. Pensei que seria feio levar o livro escondido e devolvi os dois. Putz! Lá se foi. Depois disso, passei anos tentando lembrar o nome do livro que eu tinha gostado. Existia No coração do país, só que a capa era completamente diferente e a história não parecia com o pouquinho que eu tinha lido. Pesquisei várias vezes e nada. Apenas recentemente encontrei algumas referências, inclusive o nome certo do livro, e descobri que podia comprar num sebo on-line. 

Um livro não é o mesmo que desviar dinheiro, como aconteceu na série. Mas de tempos em tempos eu me perguntava se foi certo devolver. Eu podia ter levado para casa, ter lido e ter me privado de tanto trabalho para conseguir encontrar um mísero exemplar depois. Eu poderia, sim. Porém, hoje eu sei que escolhi certo. Aos oito, nove anos eu já sabia bem a diferença entre certo e errado, e por mais que doesse, escolhi fazer o certo. Sei que no Direito existe razoabilidade e proporcionalidade, mas quando se quer ser uma pessoa correta e ética, tanto faz “pegar” um livro, uma bala ou um milhão de dólares. Não existe delito grande ou pequeno. Para a consciência, é errado do mesmo jeito. Felizmente, a minha continua limpa.

30.9.15

Leituras de setembro

Mais uma vez, a Rainha do Crime me salvando em tempos de seca literária.

O assassinato de Roger Ackroyd, Agatha Christie
Esse é um livro que comprei de ousada quando visitei a cidade do namorado. O acordo seria não comprar livros este ano e ler apenas o que tenho na estante, mas me permiti porque nesse dia eu estava com os nervos em frangalhos de tanta ansiedade, afinal, dormir na casa dos pais do namorado pela primeira vez nunca é fácil. Ok, voltando ao assunto. Agatha é uma das minhas escritoras favoritas e recorro a ela quando as coisas estão devagar. Já li vários livros, sou fã de Hercule Poirot e mesmo assim me surpreendo com os finais. O assassinato de Roger Ackroyd, no caso, é um dos mais famosos e fiquei boba com a identidade do assassino. A trama foi tão bem construída, com detalhes tão bem amarrados, que suspeitei de todo mundo, menos de quem eu deveria suspeitar. Enfim, prometo não falar mais nada para não perder a graça. Mas olha, é um livro que merece ser lido e relido. 

12.9.15

Anotações aleatórias #3

Serviços domésticos que eu detesto:

1) Limpar a geladeira – preciso falar alguma coisa? Quem já limpou pelo menos uma vez na vida sabe que não é uma tarefa boa.

2) Tirar o pó das coisas – eu suporto limpar armários e gavetas em épocas específicas, como nas faxinas de inverno e primavera, mas essa coisa de passar flanela em móveis, quadros e em cada objeto de decoração, é uma tortura. Principalmente se for numa casa cheia de enfeites. Por favor, tenham pena das minhas alergias.

3) Passar roupa – por dois motivos: como eu tenho TOC, gosto de tudo muito esticadinho e bem passado – ou seja, isso leva tempo e pesa na conta de energia. Segundo, eu fico espirrando com o cheiro do ferro quente na roupa. Então, passar roupa significa juntar duas condições desagradáveis: mania de perfeição e alergia.

* Bônus:

Estender roupa – se fossem apenas lençóis, com um cheirinho gostoso de amaciante, tudo bem. Mas estender blusas, meias, camisas, bermudas, calcinhas, cuecas, fronhas, toalhas de rosto e o que mais tiver na máquina, é chato. MUITO chato. Tão chato quanto tirar depois.

6.9.15

Leituras de agosto

Outro mês de leituras fracas. Continuo na esperança de encontrar um livro que seja tão bom que passe por cima do meu cansaço. Enquanto isso, qualquer página lida é lucro.

Súplicas atendidas, Truman Capote
Levei quase cinco anos para conseguir ler esse livro. Não que ele seja complicado ou grosso demais, pelo contrário: tem menos de duzentas páginas e é uma obra inacabada (há especulações sobre os capítulos faltantes: se foram perdidos, destruídos pelo autor ou se nem chegaram a ser escritos). O problema é que minha primeira tentativa de leitura foi na mesma época da morte de um amigo, e havia algo no estilo da narrativa que me lembrava muito ele. Talvez por causa do excesso de sarcasmo, do deboche com a sociedade... não sei. O que sei mesmo é que eu gostaria de respostas. É esquisito ler um livro que não possui final. O que acontece com os personagens? Qual foi a enrascada que P. B. Jones cita? Quantas páginas o livro teria se estivesse completo? Tirando as indagações, sobra uma narrativa que poderia ser ainda melhor e uma descrição bem podre da vida dos ricos e famosos.

19.8.15

I’m not a good person

Não lembro como descobri Rectify, mas a cada episódio meu amor aumenta. Lançada em 2013, como uma produção original do canal Sundance, a série acompanha a história de Daniel Holden, um homem que passou dezenove anos no corredor da morte, acusado de estuprar e matar a namorada. Após o surgimento de novas provas, Daniel é posto em liberdade e tem início um conflituoso processo de readaptação à sociedade e à vida familiar.

E é exatamente neste ponto que os problemas começam. A chegada de Daniel desestrutura ainda mais uma família fragilizada. O casamento de Teddy, um dos seus meios-irmãos, começa a entrar em crise. O relacionamento da mãe com o atual marido sofre um golpe. A irmã, que passou a vida tentando livrá-lo da prisão, se sente mais perdida do que nunca. Quem consegue se aproximar de Daniel é a sua cunhada, Tawney. Mesmo assim, ele coloca de cabeça para baixo a vida dela.



Em todos os episódios conseguimos sentir a tensão nos parentes de Daniel. Por mais que todos se esforcem, é como se ele fosse um intruso na família. Além disso, como os fatos aconteceram em uma cidade pequena, os habitantes continuam julgando e condenando. Quase ninguém se sente à vontade com a presença dele e, para muitos, seria melhor que Daniel Holden estivesse morto.

Rectify é uma série densa e delicada. Contemplativa e reflexiva. Para alguns, pode ser lenta demais. Daniel pode soar caricato ou como um retardado em suas descobertas. Mas imagine passar quase vinte anos trancafiado em uma solitária. Tudo para ele é novo: o nascer do sol, as lojas que abriram na cidade, as máquinas de cachorro-quente, os aparelhos celulares, os carros automáticos – e tantas outras coisas que fazem parte do nosso dia a dia e nem prestamos atenção. 

A abertura é simples, bonita e tem uma música que acho apaixonante. A fotografia é magnífica, a trilha sonora agradável, os personagens humanamente complexos e boa parte dos diálogos, inteligente. Outra coisa interessante é a dúvida. Daniel é inocente? É culpado? Acredito que nem mesmo os roteiristas saibam.

Embora esteja em liberdade, a investigação policial continua e Daniel tem todas as características para parecer culpado: é reservado demais e sempre foi considerado esquisito. Muitas vezes ele tem atitudes que nos deixam desconfiados, noutras, porém, ele parece tão inocente quanto uma criança. E essa é a graça. Uma série que brinca com nossa percepção.

Arrisco dizer que ele é inocente. E espero não estar errada. Daniel me cativou demais.

“- I'm not a good person, Tawney.
- I don't believe that.
- I'm telling you the truth”. 
(The Great Destroyer – S02E08)

9.8.15

Mudanças que não servem para nada

Ou melhor: mudanças que servem para destruir

Há seis anos, eu pedi ao meu avô um empréstimo para comprar um notebook. Eu era estagiária, ganhava bem pouco e não tinha a menor condição de pagar à vista – o que garantia um desconto escandaloso no preço. Entreguei o boleto, negociei como eu pagaria de volta e fui para casa. No mesmo dia o meu avô ligou e disse que eu não devia nada. O computador era um presente. Chorei litros de alegria.

Fui muito feliz durante esses anos, apesar dos travamentos aqui e ali, do sistema meio lento de vez em quando, do processador que dava incompatibilidade com um jogo ou outro. Eu e meu querido computador sobrevivemos a viagens, mudanças, quedas, períodos alegres e tristes. Porém, nesses últimos três dias eu tenho chorado de raiva, de tristeza, de revolta.

O Windows 10 apareceu e destruiu tudo.

Se você leu até aqui, entenda que este é um texto confuso e mal escrito porque expressa bem o meu desânimo. Por mais que eu goste do meu computador e não me imagine vivendo sem ele, não sinto a mesma alegria de antes ao ligá-lo. Perdi seis anos de organização, de programas que atendiam minhas necessidades, de um sistema que tinha mais vantagens que defeitos. Em troca de quê? Um sistema “moderno”, eficiente e mais rápido.

Eu amaria acordar e encontrar tudo como estava antes. Como é impossível acontecer, eu apenas amaria acordar e encontrar um sistema sem erros, funcional, organizado e com todos os programas funcionando. Estou mais do que decepcionada. Parece até que arrancaram um pedaço de mim.

3.8.15

Sobre coisas que se tornam agradáveis

Minha mãe sempre gostou de trabalhos manuais, pinturas e coisas do tipo. Lembro que teve a fase das flores de meia de seda, dos bordados, dos pirulitos de chocolate e, recentemente, as customizações com filtro de café. Meses atrás ela me disse que queria entrar num curso de pintura. Foi aí que aproveitei a moda para unir o útil ao agradável: dei a ela um desses livros de colorir. Preciso dizer que mamãe amou – e saiu por aí pesquisando técnicas? 

Enquanto só existiam jardins e florestas, meu interesse por livros desse tipo era quase nulo. Eu sou uma pessoa sem muita força nos braços, com alguns episódios de dor no pulso e com pouca habilidade para o artesanato. Mas eis que, pesquisando um novo livro para dar a minha mãe, encontrei um bonitinho com desenhos que falavam sobre Paris. 

Não que eu ame a França e sonhe em morar lá – apesar de ter ouvido algumas vezes que tenho um jeito meio francês –, mas as figuras não eram tão detalhistas quanto um jardim nem tão cansativas. O resultado? Me rendi aos lápis de cor.

Sinceramente, não considero como um tipo de terapia, porém, quando preciso descansar a mente e me desligar da tecnologia, pego o livro e dou uma colorida. Sem me preocupar se o lápis é aquarelável ou comum, se as cores combinam entre si ou com técnicas de pintura. Simplesmente vou pintando. 

Como a experiência continua sendo boa, acho até que vou querer outro livro quando terminar esse. Quem sabe uma nova cidade ou, com tantas invenções no mercado, algo do tipo “Bolos para Colorir”.


31.7.15

Leituras de julho

Os Anos, Virginia Woolf 
Quando terminei a última linha, mal acreditei. Depois de tantos meses sem conseguir avançar nos capítulos, fiz um esforço extra e finalizei a leitura. Basicamente, a história acompanha vários membros da família Pargiter ao longo de cinquenta anos. Como eu disse, basicamente.

O livro não conta de forma detalhada o que aconteceu com cada personagem, há apenas acontecimentos isolados – uma festa de família, uma reunião, um almoço na casa das primas – combinados com descrições de cenários e ambientes, diálogos e fluxos de consciência. Às vezes, durante a leitura, fica uma sensação de frustração, pois sobram muitas lacunas e eu, como leitora, gostaria de respostas.

É um livro cansativo, têm partes que parecem mais uma viagem alucinada, alguns personagens se tornam chatos de tão ridículos, outros parecem que não têm juízo; mas pela importância literária que Virginia Woolf tem, acredito que vale a pena.

“Vai ser um romance-ensaio intitulado de The Pargiters. E vai incluir tudo: sexo, educação, vida, etc.; e vou percorrer, com os pinotes mais poderosos e ágeis, os anos de 1880 até hoje”.  (Virginia Woolf, 2 de novembro de 1932)

10.7.15

Apatia literária

De tempos em tempos eu sinto a necessidade de um livro que me empolgue. Parece que quando minhas leituras começam a se arrastar, o resto entra no mesmo ritmo. Pelas minhas contas, faz três meses que estou tentando ler Os Anos, de Virginia Woolf. Não que o livro seja muito complexo ou a escrita experimentalista demais, a questão é que eu sinto falta de devorar um livro em poucos dias. Sinto falta de uma história envolvente.

Lembro que anos atrás eu li Anjos e Demônios, do Dan Brown, em dois dias. Li Factótum, do Bukowski, num sábado. E a trilogia Millennium, do Stieg Larsson, terminei em menos de dois meses (só não foi mais rápido porque dependi do prazo de entrega da loja). 

Ressacas literárias são comuns, mas a grande razão desse marasmo é que não posso comprar livros. Tenho que me virar com o que tenho na estante, e, diga-se de passagem, não é um acervo tão atraente assim. Então, por que vou me apressar para terminar um livro que é chato, se em seguida vou ler um mais chato ainda? 

Já nem sei se foi uma boa ideia querer zerar a estante. Haja força de vontade. Enquanto isso, as livrarias vão pipocando lançamentos e esfregando promoções na minha cara. 

30.6.15

Leituras de junho

Tempo de vacas magras, meu povo. 

Minhas leituras estagnaram na cabeça louca de Virginia Woolf.

27.6.15

Anotações aleatórias #2

Combinações mágicas:

1) Rímel e demaquilante – é ótimo ter cílios que aguentam chuva, mas é ainda mais maravilhoso passar o algodão e sair tudinho.

2) Chocolate e amendoim – não sou nenhuma chocólatra, mas acho que essa é uma das melhores combinações.

3) Promoção e frete grátis – porque não bastar ter desconto, e produtos com a metade do preço, se o frete não compensar.

21.6.15

5 séries para assistir

É quase uma série "pra macho". Em todos os episódios têm alguma garganta cortada, algum bucho furado, muita luta e sangue espalhado. Têm também prostitutas, cenas de sexo a dois ou a três, peitos, bundas, alguns pênis de relance, homens e mulheres enchendo a cara, piratas confabulando e gente passando a perna nos menos espertos. A primeira temporada foi morna, apesar da coleção de personagens interessantes, mas a segunda veio para quebrar velas e mastros. Espero que a série se torne mais conhecida e mais gente perceba o potencial dela.



Primeira coisa que posso dizer: a fotografia é maravilhosa. Segunda: é uma série policial, baseada nos livros de Ann Cleeves e se passa na ilha de Shetland, na Escócia (a produção é uma parceria entre a BBC1 e a BBC Scotland). O lugar é tão bonito que a série nem precisa se preocupar em gastar dinheiro com cenários elaborados. Aliás, tudo nela é simples e lindo, como as séries britânicas sabem ser. Gosto do ator que faz o detetive Jimmy Perez, do suspense dos episódios e do sotaque escocês. Mais uma coisa: Shetland era uma minissérie de dois episódios, porém, como a audiência foi muito boa, ganhou uma segunda temporada com seis episódios e uma terceira que está sendo produzida.



Quando surgiram as primeiras notícias sobre essa série, achei que seria mais uma produção sem graça e com potencial para ser cancelada na primeira temporada. Mas a curiosidade me venceu e a história dos cem jovens enviados para uma Terra pós-apocalíptica se tornou uma das minhas favoritas. Apesar de ser produzida pela CW, os episódios são tão rápidos e cheios de ação que mal sobra espaço para cenas de amor ou triângulos amorosos. As mocinhas chatas e dramáticas, comuns em outras séries do canal, não existem. Ao contrário, as mulheres são fortes, tomam decisões importantes e matam se for preciso. Há muitas lutas por sobrevivência, questões políticas e morais, personagens que estão o tempo todo arrebentados, esfolados, sujos, torturados, em perigo ou em guerra. Como li certa vez num comentário feito nesses sites de resenhas, “a série é tão boa que nem parece da CW”.



Se MMA virou modinha e até minha tia gosta, por que não ter uma série sobre? E por que não mostrar que o irmãozinho Jonas cresceu e ficou gostoso? Pois é. Kingdom tem luta no octógono, tem supercílio estourado, tem trilha sonora boa, tem atores bonitos. Mas se não quiser passar por momentos constrangedores, não assista com mãe, pai, irmão, cachorro, papagaio. Cena ou outra, sempre aparece mulher pelada, homem pelado, gente transando, alguém cheirando pó, fumando maconha, enchendo a cara, falando palavrão – aliás, é o que mais falam. Também tem várias doses de violência e relações conflituosas. Resumindo: a série é delicada como um direto, mas vale a pena assistir. ps: I love you, Jay!



hello, Jay!

É uma série médica, ambientada em 1900, que acompanha a rotina e os problemas do The Knickerbocker Hospital. Nos primeiros episódios dá vontade de largar, por causa da vagareza da história, só que existe alguma coisa no Dr. Thackery (e na cabeça alucinada dele) que te convence a continuar – no entanto, se você for sensível a sangue, vísceras ou clima de hospital, passe longe. Também evite comer se não quiser surpresas desagradáveis (principalmente com os modernos procedimentos médicos da época). O que mais posso falar? A trilha sonora é toda eletrônica, os personagens, mesmo os aparentemente comportados, fazem coisas moralmente erradas e todo mundo tem os seus segredos. 




Uma série que você pode assistir com a sua mãe, com o seu amor ou com aquele seu primo chato. Mesmo adaptando uma história tão conhecida, a série é bem produzida, possui cenários bonitos, bons atores, boas atuações e sotaque inglês alegrando nossos ouvidos. Ah, e sem esquecer a delicinha do Aramis ♥



10.6.15

Desapego voluntário

Desde que começaram os burburinhos sobre o livro mágico da Marie Kondo, fiquei curiosa e com vontade de ler também. Coisas que envolvam organização, minimalismo e dicas para limpar a casa (meus olhos brilham na seção de produtos de limpeza no supermercado) me interessam. 

Não tenho problemas para me desfazer de roupas, acessórios ou utensílios de casa. Até brinco com a minha mãe dizendo que ela não consegue se livrar das tralhas porque nunca precisou se mudar (tenho uma tia que já mudou de casa seis vezes). Porém, de tudo o que aprendi sobre organização, a parte mais difícil foram os livros. Eu sou uma leitora consumista. Para mim, não basta ler muitos livros, tenho que comprar muitos também. 

Com o passar do tempo, claro, minha estante começou a ficar pequena. A solução era separar alguns exemplares para guardar em caixas ou comprar uma estante maior. Foi quando percebi que eu jamais voltaria a ler os romances do ensino fundamental, os livros que estavam amarelados e, muito menos, os livros que eu não tinha gostado. 

Separei tudo, coloquei numa sacola e espalhei numa praça da cidade – como naquelas campanhas de bookcrossing. Confesso que vindo de mim foi uma atitude bem radical, mas eu não queria que os meus livros mofassem num sebo. Eles haviam sido importantes para mim, me levaram conhecimento e diversão. 

Além disso, me lembrei de quando eu era uma garotinha que aproveitava o recreio ou os dias de trabalho em grupo para pegar livros na biblioteca da escola. (Tinha que procurar num catálogo preto bem grosso, ainda escrito à mão, e depois pedir para a mulher que cuidava do lugar). Nessa época os livros não eram tão acessíveis, não existiam lojas virtuais com promoções malucas e até mesmo ter um computador em casa – quanto mais internet – era algo incomum.

Ainda não é uma tarefa fácil, mas penso em quantas garotinhas e garotinhos eu poderia ajudar doando os meus livros. Quantas crianças sem condições poderiam encontrá-los e aprender um pouco mais. Quantas pessoas poderiam se desligar um pouco da realidade e se divertir com uma boa leitura. Ou quantas pessoas se sentindo sozinhas, como várias vezes me senti, poderiam descobrir nos livros uma companhia.

6.6.15

Aos nossos colaboradores

Não entendo por que as empresas privadas gostam de chamar os funcionários de colaboradores. Se os diretores dissessem que não poderiam mais pagar o salário, aposto que nem 5% dos tais colaboradores aceitariam trabalhar de graça só para “colaborar com a empresa”. Eu não sou uma colaboradora. Nunca fui uma colaboradora – mesmo que o jornalzinho interno me considerasse. Sou apenas uma funcionária que vende tempo útil em troca de contas pagas no final do mês. Quando eu colaboro é com o meio ambiente, com as campanhas de conscientização, com a previdência social. O resto é erro de classificação.

31.5.15

Leituras de Maio

História das Teorias da Comunicação, Armand e Michèle Mattelart
O tipo de livro que a gente lê, ou melhor, usa para estudar e pesquisar, porque precisa. Caso contrário, provavelmente nunca o leria.

Rum: Diário de um jornalista bêbado, Hunter S. Thompson
Depois de dois livros chatos, que ainda não consegui terminar de ler, finalmente sorteei um que prendeu minha atenção. A história é divertida, os personagens insanos e a escrita envolvente. Na última página só pensei “poxa, acabou”. Fiquei com saudade do Paul Kemp, dos malucos do Daily News e desejando um capítulo, ou dois, a mais.

É tudo tão simples, Danuza Leão
Na época do lançamento do livro, lá em 2011, eu vi uma entrevista onde a Danuza falava sobre vida simples. Ela havia trocado o apartamento por um menor, se desfez de roupas, pratarias, louças... até mesmo do carro. Fiquei interessada e guardei na memória. No ano passado, encontrei o tal livro de promoção numa loja, mas como eu estava ocupada com outras coisas, guardei na estante e esqueci. Dia desses resolvi ler, e achei que 70% do livro são sobre coisas fúteis e que não fazem parte da minha realidade. Os outros 30% se salvam: dicas de etiqueta, peças de roupas que são essenciais (adaptando para o nosso bolso, claro), conselhos de viagem, truques de beleza, etc. Como eu paguei R$ 4,90 no livro, não vou dizer que foi uma leitura totalmente perdida.

Se a vida fosse como a Internet, Pablo Carranza
Cheguei nesse livro através da mesma historinha que Saul Goodman contava em Breaking Bad: I know a guy who knows a guy who knows another guy. Resultado: acabei conhecendo o autor e conseguindo um exemplar autografado. Mas o que importa mesmo é que eu gosto de quadrinhos e os personagens do livro são muito, mas muito, escrachados. Recomendo a leitura exatamente quando sua internet não quiser funcionar... rende risadas e o tempo passa num instante.


23.5.15

Anotações aleatórias #1

Coisas que acho bonitas, mas não consigo usar:

1) Esmalte vermelho nas unhas dos pés – acho lindo no pé dos outros, no meu fico olhando e olhando e achando muito esquisito.

2) Salto alto no dia a dia – na minha cabeça é o tipo de tortura que só se justifica em ocasiões especiais.

3) Pulseirismo – no braço dos outros é fashion, mas fico me sentindo ridícula com tantas pulseiras.

17.5.15

33 perguntas e respostas

Eu vi essa lista de perguntas em tantos blogs, que fiquei com vontade de responder também. Posso, né?

1) Por que você costumava levar bronca quando criança?
Por causa das notas baixas na escola e das brigas com o meu irmão.

2) Qual foi a última vez que você saiu sem rumo?
Uma vez eu recebi uma notícia ruim e entrei numa espécie de estado de choque. Saí perambulando pelas ruas.

3) Três objetivos para seu futuro?
Estabilidade financeira, casa própria, marido e, quem sabe, um filho.

4) O que você encontraria se abrisse a geladeira neste exato momento?
Feijão, carne, alguns legumes e verduras, água, ovos, queijo, azeitona, tapioca, leite sem lactose, margarina, pão integral, Coca-Cola, leite condensado, geleia de morango, conserva de pimenta e iogurte natural.

5) Qual tecnologia ocupa mais o seu tempo?
Celular e computador.

6) Uma coisa usada que você comprou.
Comprei um livro num sebo por cinco reais – só depois percebi que estava com um capítulo faltando.

7) Qual a primeira coisa que você faz ao acordar?
Penso no sono que estou sentindo e na preguiça de levantar.

8) Do que você precisa neste exato momento?
Uma noite perfeita de sono.

9) Qual foi a última coisa que você leu, ouviu ou assistiu que te inspirou?
Uma cena da segunda temporada de Reign, quando Leith diz para Claude o quanto ele quer ter uma vida com Greer e torná-la sua esposa. Chorei.


10) Um souvenir que você comprou ou ganhou.
Minha avó quando viaja sempre traz muita coisa para mim. Mas uma vez eu estava em outra cidade, esperando o ônibus na rodoviária (doida para voltar para casa, tomar banho e dormir), quando vi uma kokeshi numa lojinha e me apaixonei. Aí trouxe uma para mim e outra para minha mãe.

11) O que te deixa estressada?
Sujeira, desorganização, barulho, ser acordada inesperadamente, gente que anda devagar na minha frente, limpar a casa e minutos depois alguém sujar.

12) Já morou em outro país além do Brasil?
Não. Mas amaria passar um tempo viajando para conhecer os lugares bonitos que ainda existem neste mundo e depois voltar.

13) Você tem tatuagem?
Não. Ainda não. Quem sabe um dia, quando passar a modinha.

14) Qual foi a última coisa que você pesquisou no Google?
Delivery do Subway.

15) Qual a sua maneira de ser egoísta?
Quando a minha mãe adoece e não cuido dela da mesma maneira que ela cuidaria de mim.

16) O que demora demais?
Esperar a próxima temporada de uma série favorita.

17) A última vez em que você ficou acordada durante a noite toda?
Na última vez não foi exatamente a noite toda. Revezei com uns cochilos.

18) Qual comida que todo mundo ama, mas que você odeia?
Açaí.

19) O que você está vestindo agora? O que essa roupa diz sobre você?
Blusa preta e saia com estampa animal print. Talvez queira dizer que desejo ousar um pouco mais nas roupas. Ou talvez queira dizer que apenas vesti o que peguei primeiro.

20) Já fez amigos ou se apaixonou por alguém que você conheceu pela internet?
Durante a adolescência tive um grupo de amigos que nasceu do mIRC (me senti uma velha agora!), mantive contato com um ou outro, porém o tempo passou e cada um tomou seu rumo. E, é claro, também conheci algumas pessoas por quem me apaixonei, namorei, dei umas saídas...

21) O que te faz perder o sono durante a noite?
Preocupação, ansiedade, ficar no computador até tarde... 

22) Qual foi a primeira coisa que você comprou com seu dinheiro?
Eu tinha acabado de terminar o ensino médio e reprovado no vestibular, aí paguei um cursinho com o meu primeiro trabalho de carteira assinada. Mas na sétima série eu comprei um livro com o dinheiro que juntei: Fim de Caso, do Graham Greene.

23) O que tem na sua prateleira?
Alguns livros, um arranjo com flores de papel que minha mãe fez, um bonequinho que peguei da minha irmã e uma suculenta artificial.

24) Como você se acalma depois de um dia estressante?
Tomando banho com um sabonete beeem cheiroso.

25) Escreva sobre algo que você quebrou.
No último natal eu encostei a bunda num móvel da minha avó e derrubei um castiçal sem querer.

26) O que você mais gosta de comer no café da manhã?
Pão na chapa com queijo e margarina e café preto orgânico feito com água mineral.

27) Como quer que sua vida de aposentada seja?
Com saúde e sem dificuldades financeiras.

28) O que você leva em consideração ao votar em um partido político?
As propostas e o que for melhor para a maioria.

29) A religião é um fator importante na sua vida? Por quê?
Extremamente importante. Sempre agradeço a Deus por estar viva.

30) Como está sua casa agora, limpa, suja?
Aparentemente a bagunça está organizada, mas não significa que a casa esteja limpa... Na verdade, aos meus olhos sempre haverá algo sujo, pois tenho mania de limpeza.

31) Você não economiza quando o assunto é…
Sapato. Meu pé machuca muito fácil, e como a maioria das marcas boas e confortáveis custa caro, não dá para economizar.

32) Você separa o lixo para reciclagem?
Separo e até tenho vontade de comprar aqueles coletores coloridos. Infelizmente o serviço não funciona muito bem no meu bairro – às vezes o caminhão da coleta seletiva não passa e o jeito é colocar no lixo comum.

33) Sua sobremesa favorita?
Brigadeiro. 

2.5.15

Para um dia

Tenho uma coleção de fotos de vestidos de noiva e decoração de casamento num painel do Pinterest. Eu nunca havia me importado com esse tipo de coisa, mas dois eventos na minha vida – minha formatura e meu primeiro casamento – foram bem estressantes (e quase desastrosos, para ser sincera). No primeiro, o mestre de cerimônias pulou o meu nome. No segundo, o juiz errou o meu nome. Além disso, nas duas situações eu estava cercada de gente desconhecida, completamente tensa e num ambiente desconfortável.

Se hoje eu pudesse ter o “casamento dos sonhos”, gostaria que fosse durante o dia (especialmente no final da tarde, quando a luz do sol é melhor para fotografar), em um jardim bonito e usando um vestido simples. Nada de véu, grinalda, babados ou cauda longa. Também não quero que um momento tão especial seja acompanhado por centenas de pessoas. Meu desejo é ter um mini wedding apenas com a presença de familiares e amigos próximos. E nada de uma penca de padrinhos! 

Quero um bolo bonito, com um recheio gostoso e sem aquele monte de pasta americana. Quero uma decoração retrô, com flores coloridas, luminárias, passarinhos e um ambiente bem aconchegante. Quero ir ao encontro do meu futuro marido com uma música que eu goste. Quero que ele esteja bonito e arrumado, mas se sentindo confortável – nada de gravata apertando ou cabelo cheio de gel. E o mais importante: que a gente se divirta e aproveite cada instante. Afinal, é o nosso dia.

30.4.15

Leituras de Abril

O Príncipe, Maquiavel

Esse é o tipo de livro que eu só leria na faculdade, e se fosse obrigatório para alguma disciplina. Mas como o namorado, que nem gosta de ler, disse que era bom, decidi dar uma chance. Achei que seria uma leitura chata, mas os capítulos curtinhos ajudaram. 

Um Lugar na Janela, Martha Medeiros

Eu queria um livro mais leve, para ler rapidinho. E nada melhor que Martha Medeiros. Texto bem escrito, assuntos que me agradam e uma narrativa gostosa. Preciso falar mais?

Alice, Lewis Carroll

Eu conhecia a história através dos filmes e de uma adaptação infantil que li nos tempos de escola. Alice não é uma das minhas personagens favoritas, porém, anos atrás comprei uma edição de luxo só porque achei a capa bonita (qual bookaholic nunca fez isso?). No geral, achei o livro bom, apesar das poesias – completamente – sem sentido e que me davam preguiça de ler.

Por que canja de galinha cura resfriado, Anahad O'Connor

Anos atrás eu vi a Ana Maria Braga recomendar esse livro num quadro chamado “Cafofo da leitura”. Além de a capa ser bonitinha e muito fofa, o livro traz curiosidades de estudos científicos (alguns bem malucos) sobre saúde, tecnologia, natureza, comidas afrodisíacas e desmistifica várias crenças populares. Uma opção boa para ler num feriado preguiçoso ou enquanto espera o ônibus. E sim, canja de galinha ajuda a curar resfriados.



18.4.15

Modo de economia

Cada mês a conta de energia é um susto. As explicações não faltam, é claro: reajuste por causa disso, imposto por causa da bandeira, revisão extraordinária das tarifas. E não importa se o consumo diminuiu alguns quilowatts ou se só aumentou uns dois números em relação ao mês anterior. A conta segue em progressão geométrica.

O que me sobra é ligar o computador em dias alternados, deixar a televisão cada vez mais desligada, passar mais horas estudando. Fazer palavras-cruzadas, pintar livros de colorir, praticar os tutoriais do Pinterest. Ler mais livros e revistas. Aproveitar até a última réstia de sol.

Talvez essa crise sirva para nos deixar mais criativos e produtivos.

8.4.15

De olhos bem abertos

Há duas semanas eu fiz uma cirurgia para me livrar da miopia e do astigmatismo. Depois de quase vinte anos usando óculos, decidi que estava na hora de aposentá-los. E, ao contrário do que andei lendo internet afora, a operação não foi esse horror todo.

Após as consultas, os exames e a liberação do médico, precisei remarcar minha cirurgia duas vezes: na primeira, porque achei a data muito em cima e eu não teria tempo para me organizar; na segunda, porque fiquei doente. Passados todos os empecilhos, quando finalmente chegou o dia, só me restou sofrer com a ansiedade e contar as horas que faltavam. 

Tive vontade de desistir. Foi me dando um nervoso porque a todo instante eu via assistentes passando para lá e para cá, pacientes chegando, médicos caminhando pelo corredor que dava acesso ao centro cirúrgico, pessoas do administrativo fazendo a parte burocrática... Felizmente me deram um sedativo para relaxar, e até que o negócio fez efeito.

Cerca de meia-hora depois me chamaram. Fui para uma sala onde uma assistente me ajudou a vestir um avental, colocar uma touca na cabeça e uma sapatilha nos pés. Arrumada e já sem os óculos, fui encaminhada para outra sala e fiquei sozinha esperando. Foi angustiante: era apenas eu, sem enxergar direito, e uma televisão passando novela. Mas aí entraram dois outros pacientes e me fizeram companhia.

Em seguida, fui levada para uma sala onde higienizaram o meu rosto e iniciaram as doses do colírio anestésico. Cochilei um pouco (efeito do sedativo, oba!), conversei com um rapaz que chegou depois e esperei a assistente me buscar. Ela me guiou até o local da cirurgia e me ajudou a deitar na cama. Não lembro quantas pessoas havia na sala nem os detalhes do lugar. Eu estava tão nervosa que só perguntava se minha cabeça estava encaixada no lugar certo – ficar deitada embaixo do laser assusta um pouco.

O tempo todo o médico conversou comigo e foi avisando o que ia fazer ou estava fazendo. Ele cobriu o meu rosto com um pano e deixou uma abertura para o olho. Logo depois, encaixou um ferrinho para deixar a pálpebra bem aberta e vi alguma coisa parecida com um anel se aproximar do meu olho. Como minha cirurgia foi pelo método Lasik, esse era o momento que eu mais temia: cortar e levantar uma tampinha na minha córnea, o famoso “flap”. 

Não é uma dor insuportável nem nada assim, mas a pressão do aparelho cortando a córnea é incômoda. Tive a sensação de que o olho iria explodir (talvez porque na infância eu achava que o olho era uma bolinha cheia de líquido) ou amassar... sei lá! Por sorte o procedimento é bem rápido. Logo depois, o médico pinga soro gelado – momento delicioso – e então avisa que vai ligar o laser. Fui obediente e forcei meu cérebro a olhar apenas para a luz verde (eu já tinha lido que a luz vermelha causa irritação).

Algumas pessoas dizem que antes disso ficam ser enxergar nada. Eu vi as luzes borradas, como se fossem um caleidoscópio, mas não teve nada de escuridão. O laser foi bem rápido, dá para sentir um leve cheirinho de queimado e então mais soro gelado. O médico ajeita o flap, manda piscar suavemente e parte para o outro olho. 

A cirurgia toda deve ter durado uns oito minutos. Em casa, lacrimejei muito, meus olhos ficaram pesados e parecia que eu estava usando uma lente de contato suja. Senti só um pouquinho de dor no olho esquerdo. Apesar disso, adormeci bem rápido, acordei sem dor e graças a Deus continuei assim.

Usei os colírios que o médico passou, já fui a duas revisões e a cada dia sinto minha visão melhorar. Claridade ainda me incomoda, falta um pouco de nitidez durante a noite e a secura nos olhos contribui para que minha vista fique logo cansada. Sei que sempre terei o risco de descolar a retina caso eu leve alguma pancada nos olhos, porém, relembrando a resposta que dei ao médico, estou muito satisfeita. Foi um baita presente na minha vida.

25.3.15

Terrorismo textual

Acho a internet uma beleza. Basta jogar qualquer palavra e vem uma enxurrada de lugares para pesquisar. Mas de vez em quando eu preferia ficar na ignorância.

Vou fazer uma cirurgia de miopia. Há anos tenho vontade de me livrar dos óculos e ter uma vida mais independente. Só que os relatos que encontrei me assustaram. Me deixaram com a sensação de que vou deitar numa mesa de tortura, enquanto o médico vai espatifar meu olho com uma navalha. 

Não sei se as pessoas escrevem coisas assim para assustar de propósito ou porque elas são exageradas mesmo. Mas se eu sobreviver ilesa, prometo uma historinha mais sincera.



Tipo Fish e o Dr. Dulmacher...


11.3.15

Sinceridade literária

Tempos atrás, quando decidi ler Liberdade, do Jonathan Franzen, busquei por resenhas que fossem além do hype. Mas a maioria falava muito bem do livro, da maneira como o autor conduzia a narrativa, de como os dramas da família Berglund eram interessantes, e que até a Oprah tinha incluído o livro no seu clube de leitura.

Eu li e não vi nada disso. Apenas um livro grosso, com vários parágrafos que poderiam ser suprimidos e personagens sem empatia. Valeu a pena a leitura? Sim, do ponto de vista do conhecimento. Mas a questão não é o Franzen nem sua liberdade. É a falta de opiniões sinceras. Vejo muita bajulação em torno de livros, maquiagens, produtos de cabelo e todo tipo de futilidade que possa render alguns jabás.  

Por isso, quando eu escrever sobre um livro, será sobre o que eu realmente achei do livro. Se for bom, tudo bem. Darei os elogios merecidos. Caso contrário, é apenas a avaliação de um consumidor que comprou algo ruim e tem todo o direito de reclamar. Afinal, não ganho dinheiro fazendo publieditorial nem recebo presentes das editoras. 

8.2.15

Projeto “Zerando a Estante”

Eu compro livros na mesma intensidade que uma mulher normal compra sapatos. Não posso ver promoções, não posso entrar em livrarias, não posso passar perto da seção de livros. Resultado: no meu closet, quer dizer, na minha estante, tenho vários pares de livros que nunca li.

Para tentar melhorar a situação, decidi que não compraria livros por um semestre. Mas como o meu ritmo de leitura está muito lento por causa da quantidade de coisas que preciso estudar, eu poderia ficar até dois anos sem comprar nadinha. 

Coincidentemente, por esses dias eu descobri o TBR Jar – “To Be Read Jar”. Um negócio tão simples quanto o significado do nome: jarro de livros para ler. Basta escrever em tirinhas de papel o nome dos livros encalhados, colocar num vaso qualquer e pronto. Quando terminar a leitura de um livro é só tirar um novo papel. 

Tem gente que gosta de papéis coloridos. Outros separam por gênero. Eu prefiro tudo de uma cor só e misturado. Assim evito trapaças e sorteio o livro às cegas mesmo, não importando se será uma leitura boa ou chata.

Teoricamente, o método não impede comprar novos livros. É só acrescentar novas tirinhas ao pote. Mas como eu estou determinada a zerar minha estante, o TBR serve de incentivo na hora, mais que indecisa, de escolher a próxima leitura.


Eu deveria usar essa ideia com os filmes e séries que enrolo tanto para assistir.

1.2.15

Uma dúvida

Faz tempo que não escrevo e não sei mais sobre o que escrever. Para mim, a maioria dos blogs é igual. Os perfis são quase padronizados. Os assuntos parecidos. Moda. Decoração. Fotografia. Produtos de beleza. Restaurantes. Viagens. Vou falar de quê?

Dos livros que levo meses para terminar? Dos filmes que tenho preguiça de assistir? Das receitas de bolo que estou sempre testando? Das dicas de organização que gosto de procurar? Do meu dia a dia regado a estudos e horas de bunda na cadeira?

Sejamos mais um no meio de tantos.

23.1.15

Comparações desnecessárias

Acredito que algumas pessoas gostem tanto de escrever quanto outras sejam loucas por doces. 

De minha parte, posso dizer que gosto tanto de escrever quanto de coisas salgadas.